domingo, 14 de outubro de 2007

poemasemnome

No teu cheiro há uma viagem de balão para um céu com nuvens de
algodão doce
E pétalas de chuva.
Tuas mordidas são bilhetes do metrô para o paraíso
De que compro só idas.
Tua chupada me eleva a um mundo em que somos vapores de música
Acres e quentes.
Da tua saliva águas de lascívia entram-me pelas mucosas
águas da tua saliva que meu desejo fazem borbulhar.

No teu olhar há tiros de metralhadora
Além de arpões envenenados com gosto do teu sêmen, com cheiro do
teu sexo, com sons dos teus gemidos
E assim me abates
E assim me deito ao teu lado
Para essa morte inesperada da minha lucidez.

Me toca entre os dedos faz-me teu cigarro
Me traga até que eu envenene teus pulmões e tua alma
Me bebe, faz-me tua cachaça, teu vinho, teu whisky barato
Quero te tontear te embriagar te enrolar a língua
Te dar idéias geniais.

Afunda-me afoga-me no poço do vício em que me enredaste
E ri.
Refúgio essa risada a sair da tua boca, embriagar os mosquitinhos no ar
Que sob teu comando, vêm me picar
vetores dessa paz desassossegada
De sumir comida em tua boca, sumir te cravando as unhas
Caroline sumir da face da Terra
Na Terra não procurem nessas horas
Enquanto me comes
Estarei pra lá de todos os mundos possíveis
Nas entranhas dos fractais que não são visíveis
senão no arrepio de quando me fazes gozar.

Um comentário:

Cristiano disse...

Visceral! O sexo como redenção.... Ou vício? Na verdade, acho que dava para desmembrar o poema em dois. Como duas partes, que sozinhas têm autonomia e juntas se complementam. Mas como está, já está muito bom!!
Bjo.