eu não sei bem... mas parece que a noite vem rondando
e o sol que eu estava tanto querendo segurar
se foi.
eu pintei as unhas
de lilás
parece que isso pode me redimir
de alguns pecados originais
parecer limpa
parecer
me soa
hipócrita
então eu atribuo algo de profano ao lilás
isso desde sempre.
as unhas foram todas, as das mãos
e as dos pés
eu devia fotografar, como antes
sei lá, mimeografar
eu me sinto especial
eu não me sinto um todo junto com todos
eu posso estar enganada
mas não há tantos que possam me acompanhar
e o lilás me lembra
não o entardecer, nem o amanhecer
mas
um momento antes de cada um deles
um só momentozinho inrrecuperável
irregistrável
é lilás mas é só por um segundo
e não sai na foto
será que um dia a tecnologia, a ciência
eu não saberei.
será sempre como nada para mim.
Em trânsito pelo infinito lilás que ninguém nunca viu
engraçado
eu não me inporto mais e acho que assim está melhor
porque antes eu me importava e sabia que nada podia fazer
por eles
principalmente as criancinhas.
Danem-se as criancinhas, é o que dizem meus atos hoje
Assim como os de todos que eu já devia ter adotado
mas acontece muito rápido
e aconteceu muito devagar.
acho que não preciso te contar sobre os papagaios
dourados brilhando sob o sol
sobre o dia de sol a cadeira eu deitada
o sol
a quentura na barriga queimando
um queimar localizado parece direcionado
quente como nunca mais pra trás
uma espera preguiçosa pelo seu desaparecimento gradual.
domingo, 14 de setembro de 2008
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2 comentários:
é impressionante como você me lembra Clarice Lispector! Sua capacidade de se expressar e se esconder é invejável, parabéns!
é impressionante como você me lembra Clarice Lispector! Sua capacidade de se expressar e se esconder é invejável, parabéns!
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