segunda-feira, 4 de junho de 2007

os dias. ponho dentro de um saco e arrasto. são tantos os trapos que os dias arrastam pelas ruas quando faz esse frio. os trapos são que a vida arrasta novos mundos para dentro deles para fora de nós. cada trapo, cada fedor, cada gosto de piolho, cada pé rachado, são uma outra versão de mim. por isso colorindo as unhas ensaboando os cabelos perfumando o pescoço e arrancando os pêlos, sou a fuga do refugo, sou a negação do inevitável, sou a morte carregada de flores, sufocada de flores, insuportavelmente asfixiada de flores cheirosas. deixa-te ficar no escuro de uma caverna às custas do nosso calor, deixa-te criarem odores na pele provenientes dos nossos fluidos em profusão, nunca mais saia de dentro da caverna escura do ser e dá-me abrigo, e dá-me as impurezas que produz o teu suor na tua humanidade, quente, despido de perfumes, sabonetes ou shampoos. meus dias liberto para que sigam bêbados teu perfume.

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